Devaneio

E quando o tempo já não é o melhor remédio, quando o presente enxerga apenas as lembranças, o passado vivido faz parte dos planos futuros, e a vida resume-se em apenas sonhos inconcretos?

Hum....

Essa é uma hora complicada, é um dia sem claridão, o seu eu já não é mais dono do seu ego, e a parte razão deixa ser tomada pela emoção.

Tu não sentes mais nem alegria nem tristeza, teu ser é tomado por um sentimento inerente, não ri, não choras; só viajas...

E em sua viagem encontras a consciência ilúcida, que te teletransporta pela incerteza, pela indecisão; levanta voo nas asas da imaginação, porém, não encontra tempo propício para voar... Com o tempo fechado pelo nevoeiro da vida tu fazes um pouso forcado pela inconsciência e aterrissa em devaneio. Descansa, repousa... E tentando livrar-te da dor causada pela cólera do tempo, ingere uma substância denominada esperança...

O antídoto alivia-te rapidamente, porém, a possível cura é momentânea. E não suportando mais a dor, no desespero do teu consciente tu te afogas, e tua lucidez é embriagada por uma cachaça chamada tristeza... Ai tudo se confunde, o tempo já está nebuloso, obscuro: então é hora de te banhar, para refrescar a tua memória. Sobes no cais e pulas; mergulhando frontalmente na fonte da esperança renovada, e em teu mergulho bates de cabeça na pedra da sabedoria e desmaia por alguns segundos... A pancada da vida foras forte e abriu uma fenda em tua mente: essa abertura oxigenara teu cérebro que conscientemente te impulsiona a movimentar-te e buscar terra firme no porto presente.

Já ancorado, colocando para fora toda a substância qual afogara chamada desespero, tu também vomitas um pouco de desabafo. E tendo em consciência que tudo faz parte de um plano de vida tu te lembras de que quando batestes a cabeça e se afogara não se salvou sozinho... Ainda em teu inconsciente enxergara que houve alguém que te puxastes e te fez acordar, te deu oxigênio e ajudara a se movimentar, além disso, subiu contigo.

Foi alguém de uma força incomum, e que gosta muito de te... Alguém que te criastes que te monitora e que jamais te deixará sozinho...

                                                                                                           Josemáro o Poeta Caipira