De
tanta sede a minha garganta ressecou e a minha alma se agoniza. Já não tenho
mais vontades nem desejos, cumpro apenas o que é padrão da rotina, se faço ou
se crio algo é por questões de sobrevivência. O meu cérebro foi esmagado e a
minha consciência já não é tão consciente assim. Um ser já não tão humano, um
trapo de gente que ostenta um pedaço de vida...
Dono
apenas dos meus desejos hipócritas, sabendo que a verdade deles é irreal; não
poderei nunca fazer com que o mundo seja do meu jeito, nem tampouco adiantará
fazer minha parte, já que tudo que fizer será insuficiente. Mas a estupidez da
minha consciência faz com que às vezes eu ainda pense em uma radicalização do
sistema...
E no
giro frontal inferior, proferi alguns predicados de desespero, contudo,
conseguir enxergar no surreal uma visão mais objetiva da vida. Misturei o óleo
na água, e pude ver nas silhuetas das ondas formadas por aquela mistura, grandes
revelações: quantas cores, quantas imagens, quantas mensagens poderíamos tirar
da mistura daqueles dois elementos?
Percebi
que o que nos prolonga a vida nem sempre é o perfeito, às vezes é necessário
que uma grande árvore morra para dar vida aos microrganismos e esses reporem as
substâncias húmicas que o solo tem. Tudo é uma questão de lógica, e basta
esperar para que aconteça no processo natural. Mais como nem tudo é lógico
assim, o homem é tão egoísta que prefere se alimentar do próprio sangue, morder
a língua e se sufocar no seu letal veneno.
E
nessa mistura de água e óleo que havia me banhado, resolvi me enxugar no lençol
da praia, e quando a estrela central bateu sobre meu corpo cristalizado,
reluziu-se uma verdadeira obra de arte. “A arte de viver”...
Josemário de Carvalho
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