Ai cabôca, tu não sbi o
tanto que a sordade doi
Se tu subesse tu não me
martratava assim...
Cabôca, a sordade doi mais
que tala de chicote
Martrata mais que o peso
da cruz
E faz o coração deu ficá
mais muído que míio pra pinto
É um treim que eu num sei
inxergá
Mais sinto que é cumo bixo
papão
Nóis num vê, mais senti um
frio na ispinhela só de pensar
E quando a sordade aperta
caboca
Só uma pinga boa para
acarmá os nevos...
A sordade corta igual a
naváia
E machuca que nem um
sapato apertado
É mais amargurante do que
dô de dente
E deixa o pião disconsolado
Mais essa sordade também é
boa cabôca
Purquê ela mim da força
pra vivê
Sôinha com tu é meu dilema
Purquê sei que ainda vou
te tê
E quando ta pra tu vim pra
perto de mim
O meu saingue isquenta
Corre um suou frio na
espinha dorsal
E iscorre uma lágrima
gelada na minha cara
Como é bom amá ôcê muié
É gostoso de mais te tê do
meu lado
Num mim deixa nunca mais
cabôca
Se não a sordade me mata.
O Poeta Caipira
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