segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O NEGRO DA TUA CONSCIÊNCIA

Que essa CONSCIÊNCIA tão NEGRA não seja celebrada apenas no dia 20 de novembro; que ela sirva como referência de uma luta ainda contemporânea; que os acoites da chibata em cantiga consiga tocar os teus ouvidos, e que o peso das moendas ainda doa em teus ombros...

No eterno PALMARES em que vivemos somos ZUMBÍS, os fazendeiros mudaram, e as SENZALAS de hoje são disfarçadas.

No mundo do “ismo” tem muitos “eitos” e tudo é “fobia”, que a tua RAÇa represente o liberalISMO das tuas escolhas, e que nunca seja uma PRÉ-avaliação dos teus CONCEITOS, que a TRANSparênia de tua opção sexual seja FOrmidável e jamais diminua a possiBIlidAde do teu profissionalismo, para que tu pintes a BANDEIRA com as CORES da RELIGIÃO do teu POVO.

Somos a garapa da CANA que DE fervida transformou no ACUÇAR do teu CAFÉ, o OURO da aliança de uma NAÇÃO promissora. Somos PAU pra toda obra de um BRASIL verdejante, fazendo da AMAZÔNIA o pulmão do planeta, um DIAMANTE raro entre os latinos gigantes.

NEGRO é minha COR, mestiço é minha RAÇA, o meu nome é luta e tenho por sobrenome INDEPENDÊNCIA, carrego em minha CONSCIÊNCIA que a minha RELIGIÃO é LAICA, e não é ABOminável que venha interferir em meus costumes, é melhor não me dá LIÇÃO.

Sou a tua HISTÓRIA que está registrada em tua mente, dentro de tua CONSCIÊNCIA; e as tetas NEGRAs onde suguei ÁGUA DOCE, só de ZUMBÍ alimentou mais de uma NAÇÃO.


                                                                                        Josemário de Carvalho Oliveira

Essa mistura de água e óleo


De tanta sede a minha garganta ressecou e a minha alma se agoniza. Já não tenho mais vontades nem desejos, cumpro apenas o que é padrão da rotina, se faço ou se crio algo é por questões de sobrevivência. O meu cérebro foi esmagado e a minha consciência já não é tão consciente assim. Um ser já não tão humano, um trapo de gente que ostenta um pedaço de vida...

Dono apenas dos meus desejos hipócritas, sabendo que a verdade deles é irreal; não poderei nunca fazer com que o mundo seja do meu jeito, nem tampouco adiantará fazer minha parte, já que tudo que fizer será insuficiente. Mas a estupidez da minha consciência faz com que às vezes eu ainda pense em uma radicalização do sistema...

E no giro frontal inferior, proferi alguns predicados de desespero, contudo, conseguir enxergar no surreal uma visão mais objetiva da vida. Misturei o óleo na água, e pude ver nas silhuetas das ondas formadas por aquela mistura, grandes revelações: quantas cores, quantas imagens, quantas mensagens poderíamos tirar da mistura daqueles dois elementos?
Percebi que o que nos prolonga a vida nem sempre é o perfeito, às vezes é necessário que uma grande árvore morra para dar vida aos microrganismos e esses reporem as substâncias húmicas que o solo tem. Tudo é uma questão de lógica, e basta esperar para que aconteça no processo natural. Mais como nem tudo é lógico assim, o homem é tão egoísta que prefere se alimentar do próprio sangue, morder a língua e se sufocar no seu letal veneno.

E nessa mistura de água e óleo que havia me banhado, resolvi me enxugar no lençol da praia, e quando a estrela central bateu sobre meu corpo cristalizado, reluziu-se uma verdadeira obra de arte. “A arte de viver”...

                                                                                                                          Josemário de Carvalho

sábado, 10 de novembro de 2012

Parabéns minha filha


Hoje eu acordei tão feliz e já chorei, já sorri, dei milhares de volta pelo mundo, contemplei belas paisagens, desvendei mistérios, fiquei acuado na trincheira e voltei para um lugar comum; o meu eu...
Há dias em que os sentimentos realmente se confundem: a alegria é tão branda que da vontade de chorar, outras vezes de tanta tristeza se rir.
Os seres humanos se acham tão fortes, porém são tão vulneráveis, tão frágeis, tão impotentes. Se sentem superiores aos outros animais, entretanto se tornam insignificantes, tão sem poder...
Hoje mais uma vez eu percebi isso: se eu fosse um pássaro, poderia percorrer esse infinito céu azul a voar e pousar bem ao seu ladinho... Se eu fosse um peixe, nadaria nesse verde mar, adentraria entre as locas das pedras e ia ate onde ela se encontra... Se fosse um vagalume, acenderia minhas lanternas naturais e vagaria noites a voar ao teu encontro... Mais como sou um humano, errante, falho e impotente, nem perto de te posso estar...
Eu sinto medo, pois 11 anos já se passaram e eu aqui distante, sem ver o brilho do seu sorriso, sem acompanhar o teu sucesso e sem poder enxugar tuas lágrimas quando chorou... Aqui distante lutando para tentar uma vida melhor e vendo o PRESENTE tão lindo que estou perdendo, olhando para um PASSADO que poderia ter sido diferente, e tendo como base um FUTURO ainda incerto. Medo que um dia você não entenda o meu AMOR...
Foi em um sábado, por volta do meio dia... Dia 10 de novembro do ano de 2001, Deus colocara para dormir o primeiro sono em meus braços o presente mais perfeito que um ser humano possa ter. Apesar de já ter vida antes nove meses no ventre de tua mãe, aquela era a primeira vez que tu enxergaras esse mundo de maldades. Deus me deu o melhor presente, um fruto de sua mãe e eu; MINHA FILHA. Foi naquele sábado Laura Kateryne que eu percebi que já não era só eu, que você fazia parte da minha vida, era a descoberta do verdadeiro AMOR...

Parabéns minha filha Laura Kateryne, que Deus continue te abençoando e te mantendo essa menina maravilhosa que tu és, queria muito poder te dar um abraço agora, mais como não posso, já orei e pedi a Deus que ele te abraçasse por mim. EU TE AMO MINHA FILHA...

                                                                                                           Josemário de Carvalho Oliveira

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

SOU TEU


E como se ainda fostes ontem, acordei do meu sonho real e você ali estava...
Tão bela e tão sorridente: parece que os anos não levaram a sua ternura de menina
Com certeza mais madura e menos ingênua, porém carregando a mesma doçura de outrora
Aos meus olhos uma das sete maravilhas do mundo, do meu cérebro a memoria declarativa
E no soneto do meu coração se fazia acorde, embalando uma canção de AMOR
Sou teu, sempre fui... Assim em silêncio o meu olhar te falava
E tu... Tu me olhavas como se entre nós nada tivesse mudado
Como se continuássemos um papo interrompido há um tempo...
Assim como as plantas brotam quando cai a chuva e vai crescendo ao se regar
Parece que aquela emoção entre nós ganhava corpo a cada instante como um fermento
E tudo parecia muito igual, era um passado adormecido despertando de um longo sono
Meio que sem querer havia uma troca de olhar onde era transmitida toda uma emoção

Quantos anos? Quantas interrogações? Quantas perguntas sem respostas?...
Foram inúmeras noites mal dormidas e muitas lágrimas na madrugada
Quantas biritas em lamentações aos pés dos balcões em tantos bares por ai...
Muitas bocas beijadas para esquecer um beijo e muitos beijos trocados sem nenhum amor
Quanta saudade sentida, quanta decepção, quantas mudanças...?
Uma certeza... Certeza de quem não quer apagar aquelas lembranças

E assim como a poeira do DESTINO cobriu o brilho daquele sentimento ontem
Hoje os ventos do TEMPO soprou a superfície e fez reluzir um desejo retido
E em um rosto surrado pelo sofrimento, correu uma lágrima da ESPERANÇA renovada
Com uma garra de ir à luta, e reconquistar esse AMOR verdadeiro a cada dia
Já tendo a certeza que o FUTURO é uma questão de escolha:
Escolhi definitivamente eternizar e VIVER esse sentimento lindo.

                                                                                                                                               Josemário 




sábado, 25 de agosto de 2012

Embaraçado

Navegando no mar da desilusão, iluminado por uma pequena chama que quebra a penumbra da noite.. O cri cri do grilo quebra o silêncio e as ondas da saudade ao baterem no cais da esperança soam como música. Minha pupila é dilatada por uma lágrima ácida e as minhas narinas ofegam em um suspirar compassado.

Sou frio, sou calor, sou brisa e tempestade. Um ser sem querer, sem poder, sem noção; uma chuva mansa sem enxurradas, um relâmpago em pleno sol do meio-dia; o bradar de um trovão ao entardecer, o arco-íris no jardim ao raiá do dia, um carnaval sem fantasia, uma vida sem sorriso...

O tudo e o nada, assim sou o amargo fugindo do doce; o nocivo sem noção; o espanto sem susto e o grito sem dor; sou o açoite dos ventos em um jardim sem flor; o medo do abismo e da escuridão, da dor; sou o pecado sem salvação, o vinho sem pão, dos sonhos à desilusão...

Sobrevoando o céu da tua boca, degustei o mais puro paladar; desfrutei do teu mel e fiz perfume do néctar da flor; sentir o frio no calor do teu abraço e me afoguei em teu fogo de mulher; a minha meiguice feroz de animal despertou em te a voracidade angelical, e subindo a montanha da maré, consegui decolar em teu avião.

Subindo e descendo consegui te encontrar em meus desencontros, ô bela, ô traste, ô anjo infernal; tu és a pureza das matas, és a cinza do vulcão, és o sal do meu mel, és o suco da vaca; de Gutenberg à era digital, meu bem, meu mau; a coragem no combate e o medo da falsidade;  a verdade muitas vezes é falsa, mas o mais importante é que mesmo embaraçado no leito da morte sonhada eu ainda consigo viver intensamente.


Josemário o Poeta Caipira

domingo, 27 de maio de 2012

A SAUDADE DE SENTIR SAUDADE


Em alta velocidade por essa estrada escorregadia terminei perdendo o controle e bati de frente com a saudade. O impacto foi tão grande que culminou em uma ferida muito grande denominada lembrança...
Hum... Você não acertou, eu não estou apaixonado, não é isso. Sinto apenas saudades mesmo... Mas é uma saudade tamanha de tempos de outrora... Não é uma saudade única de uma pessoa, é a lembrança de um tempo, de um ciclo vivido. E essa lembrança dói muito, ela desse de garganta a baixo sufoca e envenena...
Sinto saudade sim... Saudade de quando eu olhava nos olhos e as pernas bambeavam, de quando eu segurava na mão e o suor frio escorria na pele, de quando eu abraçava e o coração batia mais forte e quando eu beijava o corpo todo tremia...


Ai que saudade... Saudade dos tempos em que eu fazia de tudo para estar perto e quando perto não queria mais desgrudar, e mesmo quando tinha que ir realmente embora, já na estrada chorava de saudades...
Hum, como eu sinto saudades... E a lembrança que mais dói é a saudade de sentir saudades, a saudade de ser importante para alguém, a saudade de amar.
Com as circunstâncias do tempo às vezes me pergunto: Será que eu desaprendi a amar ou mudaram a forma do amor? Porém, vejo meu equívoco; as formas do amor não mudaram, elas continuam as mesmas, contudo, passamos por uma fase de um processo de desencantamento, de desapego. Desapego pelas coisas simples que são as verdadeiras essências do amor. Acredito que realmente desaprendemos a amar.
Todavia, o cenário que nos deparamos hoje é meio que enigmático, não acreditamos mais no amor puro de essência, mas sim em um amor que espera retorno, é um amor que não confia, é um amor que não supera barreiras é um amor que não compreende, que não brota, é um amor sem amar...
Pensando em seguir em frente, sempre apertamos em um acelerador chamado tempo, imprudentemente esquecemos as pequenas sinalizações que há em cada curva da estrada... Que saudade de um tempo onde se sentia saudade das pessoas pelo que elas são. Hoje vivo uma época em que sentimos a necessidade de estar perto das pessoas pelo que elas têm a nos oferecer... Que saudade de sentir a inocência da SAUDADE...

Josemário de Carvalho

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Como se fosse ontem


Hoje acordei em ares do céu de maio do final dos anos 80. Tudo estava muito calmo, e mesmo em um outono quente e de poucas colheitas, senti a leve brisa soprar o meu rosto, e aquela sensação me levou de volta aos invernos frios de minha ingênua infância.
O murmúrio do vento trazia consigo a voz do meu pai a aboiar o gado, e as folhas secas a se movimentarem pelo chão fazia-me lembrar de minha mãe varrendo a varanda. Os cânticos agonizantes dos pardais refrescava-me a memória a lembrança de uma maritaca que a vovó criava.
O sol começou a apontar timidamente no horizonte, e trazia e sua pureza o brilho radiante de uma saudade renovada que refletia uma esperança em meus olhos. Ao sair na varanda me apoiei na galha da mangueira, e foi quando eu me encontrei de volta ao passado no terreiro da fazenda; fechei os olhos, e no filme de minha memória encontrei os bezerros a escabriolar pela malhada; o meu tio, juntamente com o meu pai chegavam molhados do orvalho da madrugada montados em seus cavalos. Pai tocava a pareia de boi qual logo mais tarde, depois de encangados, puxaria o carro com a lenha da fornalha.
Os uivos dos coções do carro cantando, eram como música para a minha mente antes despreocupada, e como se ainda fosse ontem abrir os meus olhos enquanto aquele belo filme ainda passava na tela de minha mente.
Voltei para dentro de mim, e foi quando conseguir saborear o doce da garapa que escorria da moenda que lentamente moía aquela cana caiana, puxadas pelos bois Carboreto e Carbonato. A santa paciência do tio Nando ao partir um limão para misturar na garapa causava-me náuseas. E me consolava ao ouvir Marino cantar uma chula enquanto lavava os tachos, e nesse instante meu pai acendia o fogo da fornalha. Nessa altura já era em torno das 10 da manhã e toda a criançada já se fazia presente, circulando em torno do engenho e meu tio avó Manoel bradava desaprovando aquela ação.
A garapa que antes escorreu pela moenda, desceu pela bica e chegou ao túnel, já borbulhava fervilhante e Marino agora retirava a sua espuma. Nisso meu pai batia aquela massa pastosa que antes fora melaço e já se transformava na saborosa rapadura quente. Nós em torno da gamela com as tabuletas na mão só queria provar da primeira taxada; e Moura lá no bagaceiro, raspava uma cana para fazer uma puxa, enquanto lá dentro Tim Tim se entusiasmava ao falar da mulherada...
... Nesse momento o sol dividia o céu, era meio-dia, e juntamente com Raquel minha mãe chegava com a comida da rapaziada. Pai como sempre solícito, pedia para que tio Nando parasse o engenho e pusesse os bois para descansar, enquanto de dois em dois todos almoçavam. E a essa hora do dia a pequena casa do engenho que era coberta de palha, encontrava-se aquecida com o calor da fornalha e completamente lotada, pois, parte da população do povoado ali se fazia presente ao saborearem aquele doce dos mais naturais.
E quando eu me encontrava no pico do meu sonho acordado, ouvi o zumbido de uma abelha e aquilo me pareceu ainda bem mais real: cheguei a concluir que ela teria ido ali buscar um pouco da cera da cana para fazer a sua própolis. E desarmando-me da minha realidade passada, meu colega me questionava sobre uma situação do mundo atual, ai foi quando a ficha caiu. Percebi que eu estava vivendo apenas um retrato da realidade de outrora, que muito bem conservado estava em minha mente guardada.

                                                                                                          Josemário o poeta Caipira

quinta-feira, 22 de março de 2012

SOU ÁGUA

Sou cerca de 80% da sua massa corporal

Refresco-te e mato a tua sede

Rego as plantas que te alimentam

Sou riacho, sou rio, sou cachoeira

Sou barragem, sou fonte, sou mar

Avermelhada, barrenta ou cristalina

Sou insípida, sou doce, sou salgada

Sou alimento, sou fonte sou vida

Sou água ...

Água que hoje me afogo na lama

Vivo fugindo no desperdício de tua ignorância

Sufoco-me no agrotóxico que tu me injetaste

E hoje com cheiro e com cor e só um pouco do doce

Peço-te socorro eu não posso faltar...

Josemário de Carvalho

AINDA HÁ TEMPO PRA TUDO


Essas lágrimas que agora rolam em meu rosto é o retrato do que estou vivendo. O sorriso que desaparece do meu semblante, é uma prova do que está acontecendo.

Se hoje me tornei um homem sem alma, foram as consequências de que a vida não foi tão bela assim, no lugar do coração ficaram apenas os calos que o destino formou em mim.

Mais ainda não desisti de viver, vivo intensamente a cada dia...

Vivo por acreditar que muito ainda posso construir, e posso encontra um tempo para consertar os estragos que o tempo causou. E criar estratégias indicando um desvio para que outras pessoas não tropecem na mesma pedra que por vezes me derrubou...

É um sentimento inexplicável, mas dentro de mim há uma força maior que me impulsiona, que me da energia e me faz seguir...

Mesmo provando o sabor do descontento e saboreando o fel da realidade, ainda não consigo esquecer o doce que a vida tem e do paladar que muito me alimentou...

Talvez eu já não tenha mais alma sim, porém, ainda me resta um pouco de sensibilidade e uma gota de esperança: esperança de um mundo melhor e de uma vida mais justa e digna onde podemos sorrir...

Ainda há tempo pra tudo... Vamos rir, irradiar alegria, desejar um bom dia ao ár... Nunca se esquecer do com licença, do muito obrigado, por favor... E se realmente desejas felicidades, já mais se esqueça de semear o amor...


                                                                                                  Josemário O Poeta Caipira